Justiça determina que Twitter revele dados dos criadores de Sleeping Giants e expõe celeuma sobre tutela da internet.
O Sleeping Giants se coloca como um grupo de ciberativistas dispostos a combater o discurso de ódio e as notícias falsas, denunciando sites e páginas para que seus financiamentos sejam cortados.
No Brasil, ganhou força nos últimos meses e, de fato, o financiamento das mídias da extrema-direita caiu drasticamente.
Isso é ótimo, claro, principalmente por ser algo que depende da movimentação coletiva da sociedade, de modo que não ficamos simplesmente na mão do julgo de quem controla uma instituição.
O problema é quando entrou a mão do judiciário. Ao mesmo tempo em que os financiamentos eram cortados, o judiciário, com base em investigações da Polícia Federal, começou a excluir contas e sites da extrema-direita, além de investigar seus donos.
A primeiras vista, isso é ótimo também, afinal, eram mesmo páginas e sites que disseminavam discursos de ódio, notícias falsas e todo tipo de revisionismo e negação da ciência, o que não cabe normalizarmos. Por isso, a esquerda aplaudiu.
Mas, ao fazer isso, estamos legitimando que o judiciário tutele a internet. Ou seja, a mesma mão que bate lá, pode bater cá. Pior: nós sempre seremos alvo do judiciário burguês, afinal, ele atende a interesses de classe, e não é a trabalhadora.
Pois bem, ontem saiu essa notícia, de que dessa vez o judiciário pesou a mão, vejam só, contra o grupo que denunciava os sites que o próprio judiciário tempos atrás tirou do ar. Além de determinar que Twitter revele os dados do Sleeping Giants, colocando os mesmos em risco, a justiça entendeu pela exclusão das páginas.
Mas nós legitimamos essa tutela, não foi?
E, diferente das ações do Sleeping Giants, que depende da ação coletiva da sociedade para que se concretize, o judiciário só precisa de uma canetada. Logo, não temos controle sobre ele.
Por óbvio, a internet não pode ser terra de ninguém. Mas a questão é: Você confia no judiciário burguês para tutelar a internet?