É evidente que vão existir sociedades mais ou menos democratizadas, mas não há relação direta entre o grau de democracia com eleições.
Foto: Marcos Corrêa/PR/Flickr
Enquanto o mundo for capitalista, não haverá democracia plena em canto algum do mundo. O que há é uma luta de classes mediada pela força. A classe que está em posição de força impõe a sua vontade. É difícil enxergar isso, pois muitas vezes essa dominação se dá de forma consentida, através da manipulação ideológica e de sistemas eleitorais viciados, mas basta que esses mecanismos falhem em garantir o consentimento, que a força direta é usada. Os golpes e regimes fascistas estão aí que não nos deixam mentir. Então, democracia plena é uma utopia ainda a ser buscada.
É evidente que vão existir sociedades mais ou menos democratizadas, mas não há relação direta entre o grau de democracia com eleições diretas universais, como quer fazer crer a ideologia liberal. Democracia guarda muito mais relação com participação popular em igualdade de condições e liberdades que possam de fato serem exercidas. Ao entender isso, percebemos que o poder econômico deturpa a democracia liberal.
Então, ao analisar sobre o grau de democracia em uma sociedade, é preciso perguntar: essa sociedade é democrática para quem? Quem de fato pode exercer as liberdades formalmente garantidas nela? Quem de fato tem capacidade de influir em seus rumos políticos?
Por fim, é preciso perguntar: diante do atual estágio da luta de classes no mundo, considerando a posição estratégica dessa sociedade e as forças contra as quais ela luta, é possível democratizar mais algum aspecto dela sem colocar em risco a posição de força da classe que a governa? Lembremos do início, estar em posição de força é fundamental para garantir os interesses de classe.
O segredo para entender essa dinâmica é perceber que quando a classe trabalhadora em determinado país toma o poder da burguesia e a subjuga, não significa o fim da luta de classes, ao contrário, significa o acirramento dela. A revolução socialista em um país é apenas a conquista de um território pela classe trabalhadora que seguirá lutando contra a burguesia mundial, que fará de tudo para recuperar esse território perdido.