EUA vem adotando táticas da guerra híbrida como nova forma de atuação do imperialismo e o Brasil é um dos alvos.
Guerra Híbrida é um conceito derivado do manual para Guerras Não-Convencionais das Forças Especiais dos EUA de 2010 e pode ser sintetizada na seguinte citação do mesmo:
“O objetivo dos esforços dos EUA nesse tipo de guerra é explorar as vulnerabilidades políticas, militares, econômicas e psicológicas de potências hostis, desenvolvendo e apoiando forças de resistência para atingir os objetivos estratégicos dos Estados Unidos. […] Num futuro previsível, as forças dos EUA se engajarão predominantemente em operações de guerras irregulares (IW, na sigla em inglês)”.
Pois bem, esse foi o modus operandi do imperialismo na última década e os primeiros alvos foram os países do BRICS, por motivos óbvios. Lembremos que o governo derrubado na Ucrânia, por exemplo, era aliado do Putin.
É notório que o imperialismo aplicou um golpe com sucesso no brasil, utilizando as estratégias desse manual, e obviamente não vai largar o osso. Então, certamente, há uma estratégia para se manter no poder nos próximos anos. Nossas forças armadas, que há décadas são instruídas por Whashigton, tende a ter papel central nisso.
Como dito, a estratégia do imperialismo – através dos militares – para manter o país sob controle envolve táticas de guerra híbrida, sendo uma das principais a abordagem em pinça ou o “domínio total do espectro”: torna protagonistas agentes de polos opostos, mas sempre convergentes com os seus próprios interesses (no caso, uma direita tresloucada – militares ideologicos e bolsonarismo – versus uma direita moderada – STF e militares “racionais”. Repara que os militares, representantes por excelencia dos interesses imperialistas, estão sempre na jogada).
Existem muitos resultados possíveis para essa estratégia, dependendo da conjuntura. Se o bolsonarismo mostrasse uma força social gigante, provavelmente seria preferido em detrimento da vertente “racional”. Não sendo assim, a outra ala pode ser preferida. Os conflitos são simulados? Não necessariamente e não sempre, mas isso não importa. O que importa é que , qualquer dos lados que ganhe, os interesses do imperialismo estão resguardados. Dentro desse espectro (de interesse do imperialismo), qualquer resultado é bom e portanto os agentes podem ser deixados mais ou menos livres para agir (desde que não cometam algum erro que prejudique o império). Por exemplo, o Bolsonaro poderia ter acusado o Moro de receber propina do Tacla Duran. Insistimos nisso, pois há indícios documentais. Mas não faz. Por que? Porque tem que respeitar um certo “fair play” dentro do espectro aceitável, ou ele vai não apenas ser derrotado politicamente, mas pessoalmente.
Quando todo o processo político no Brasil vai se desenhando como uma briga entre governo Bolsonaro e STF, os militares transitam em ambos os lados. Com as últimas notícias, está relativamente claro que a decisão já foi tomada e que a ala “racional” será preferida e a outra – olavista, tresloucada, ideologica – será descartada.
Nesse contexto, é importante pensar quais serão os próximos passos para MANTER o controle que está mais ou menos assegurado até aqui. O Dória é uma possibilidade, o Moro provavelmente é a maior de todas as possibilidades. Qualquer que seja, o povo tem que ser em certa medida neutralizado, e aí entram os projetos de lei que estão sendo tocados no congresso para restringir a comunicação, os atos de massas (tornando muito mais abrangente o conceito de terrorismo para incluir manifestações políticas, por exemplo) e artifícios do gênero. Dessa forma, tudo fica “ali por cima” e mais fácil de controlar.
Necessariamente eles vão ou até podem controlar as urnas? Não. Não sabemos. Há desconfiança dessas urnas sim, principalmente dada a ênfase que o Bolsonaro coloca nisso, justamente para a esquerda reagir com um “absurdooo as urnas são confiáveis siiiim”, quando o autor da tese do voto impresso é ninguém menos que o Brizola (se não autor, grande defensor). Isso significa que eles com certeza vão adulterar? Não. Mas pode ser? Pode. O que importa é que algum método “não convencional” (digamos assim) o imperialismo vai usar para manter o controle dessa potencia que é o Brasil. Pode ser lawfare, pode ser adulterar urnas, pode ser ampliar o conceito de terrorismo para impedir qualquer ascensão popular, pode ser restringir os meios de comunicação, pode ser tudo isso.
Ao nosso ver, a gente só precisa pensar mais fora da caixa do que “convencer o povo a votar certo” e perceber que talvez isso não seja suficiente, é provável que seja necessário denunciar algo mais: justamente essas técnicas “por fora das regras” que podem ser usadas contra nós enquanto nós nos apegamos às próprias regras. Numa alegoria, é como se estivesse rolando um jogo de xadrez. Em 2015, o adversário virou a mesa e falou “foda-se as regras”, e até hoje a gente etá dizendo “mas pera aí, o cavalo anda em L, você está trapaceando”.